quarta-feira, 6 de maio de 2009

Lírio laranja


Preparei a terra como se ali estivesse o túmulo onde repousaria por toda minha morte. A deixei macia, confortável, um verdadeiro pálio, repleto de amor tenro e sincero. Plantei, cultivei, cativei. Os céus ajudaram: choveu, choveu quando meu pranto rolava. Fazia sol quando você sorria. Aguardei e guardei as mais remotas esperanças. Conversei com você, pedi que ao nascer crescesse saudável, forte, para durar por toda minha vida, e além. E foi assim que aconteceu: lá estava você, o mais belo lírio laranja que alguém pudera ver. Uma moça belíssima lhe viu, me tomou o coração, me tomou você. E hoje a pergunto: "Que fez você com meu lírio laranja?", e por incrível que pareça, até isso ela não sabe responder. Hoje ainda choro, não pela moça, mas pela falta do que minha flor poderia ter sido, e não foi. Mas todo ano, após as chuvas torrenciais, o sol brilha na colina, e um ponto laranja brota, como quem dá mais uma chance, mais uma chance em minha vida.

3 comentários:

  1. Doce e poético... (;

    Você me surpreende a cada dia, primo meu :*
    (passando BEM rapidinho).

    ResponderExcluir
  2. A pessoa que comentou acima disse tudo; mas para dizer algo: maravilhoso.

    até breve meu caro amigo..

    ResponderExcluir
  3. As vezes temos que nos acostumar a certos rumos da vida... Como já disse Toquinho:
    "[...]
    E o futuro é uma astronave
    Que tentamos pilotar
    [...]
    Sem pedir licença
    Muda a nossa vida
    E depois convida
    A rir ou chorar...
    [...]"

    Sem guardar máguas dos rumos incertos de nossos passos (e dos alheios), vamos dançando conforme o compasso.

    ResponderExcluir